sábado, 5 de setembro de 2009

Artesã inclusiva

Por Nadja Medeiros

Foto: Glaucielle Suze



Artesã há 12 anos, Ana Rosa usa a Borracha EVA (Etil, Vinil e Acetato), para criar seus artesanatos que vão desde brinquedos à jogos pedagógicos.
Vinda de família pobre, criada em engenho, não tinha condições de ter brinquedos sofisticados. Porém, foi através desta realidade que Ana descobriu seu talento de artesã. Aprendeu a confeccionar suas fantasias de carnaval e fazer bonecas de papel, razão pela qual, hoje sua base de trabalho é o recorte e a colagem.
Exatamente há 12 anos atrás, para complementar o orçamento familiar, ela decide resgatar sua vocação artística. Usando materiais poluentes, nunca foi de jogar o resto que sobrava, mesmo sem saber que estava preservando o meio ambiente. “Sempre aproveitei as sobras como uma forma de economizar, aproveito elas para encher bichinhos, pufes e almofadas. Depois descobri que, além de economizar, estava ajudando a preservar o meio ambiente”, explica Ana com um sorriso.
A princípio, como morava em Porto de Galinhas/PE, na área de praia, seus trabalhos eram voltados para a realidade do ambiente. Trabalhava com espelhos, tapetes e jogos de banheiro.
Com a mudança para o Recife, começou a desenvolver novas criações, como materiais didáticos e o resgate de brinquedos que, com o passar dos anos e o desenvolvimento da tecnologia vem perdendo espaço no meio infantil, como: peteca, guizo (vai e vem) e resta um, todos feitos com a borracha EVA e garrafas pet.

Materiais adaptados e inclusivos

Autodidata, ao chegar na cidade, inicia o novo horizonte para seu trabalho com muita pesquisa sobre jogos e brinquedos pedagógicos. Após confeccionar, decide apresentar para estudantes de pedagogia que, de imediato, aprovam e sugerem que fosse pensada uma forma de adaptá-los para as crianças cegas e surdas. Encantada com a dica, prontamente inicia as desafiadoras pesquisas sobre a escrita Braille e, com a ajuda do Presidente da Associação Beneficente de Cegos do Recife, Júlio Cesar, surge as novas produções com relevos para que as crianças cegas também tivessem acesso.
Hoje, além do ábaco, dominó, livros, guizo adaptados e os relevos que insere nos demais brinquedos, também criou o alfabeto e os numerais em emborrachado com os pontos do Braille. Seu próximo desafio, que já iniciou, é com o alfabeto manual e a Língua Brasileira de Sinais – Libras, para as crianças surdas.

Quem quiser conhecer de perto o trabalho da Ana, é só dar uma passadinha na feira de artesanatos do Recife Antigo, aos domingos, a partir das 14:00 horas, próximo a Rua Bom Jesus, na Praça de Casa Forte, aos sábados, a partir das 14:00 horas ou na primeira semana de cada mês no hall da Prefeitura do Recife, das 08:00 às 14:00 horas.


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